viajar pela leitura e felicidade clandestina


Ø  Copie os textos: Revisando: Classe de Palavras, Estrutura do Poema, Diferenças entre conto e crônica, Viajar pela leitura
Ø  Leia com atenção o poema: O apanhador de desperdícios
Ø  Faça a ilustração do poema O apanhador de desperdícios (em folha de sulfite, pegar com professora)
Ø  Faça o poema sobre o que você mais gosta de fazer (em folha separada para entregar)
Ø  Leia com atenção o texto Felicidade Clandestina;
Ø  Copie as questões sobre o texto e responda-as (atenção copie a questão 1 e responda, copie a questão 2 e responda, faça desta forma em todas as questões)

Revisando: Classe de Palavras

1.Substantivo:palavra que dá nome a pessoas, objetos, lugares, cidades, estados, ações, sentimentos etc.
Exemplo: Beatriz, menino, mesa, salão, caneta, São Paulo, amor etc.
2.Adjetivo: palavra que tem por função expressar características, qualidades ou estados dos seres;
Exemplo: Bonita, simpático, riscada, iluminado, povoada, ariscado etc.
3.Verbo: palavra que exprime ação, estado ou fenômeno e localiza-o no tempo;
Exemplo: amar, correr, fazer, cantar, cansei, ser, estar etc.
Estrutura do Poema
Verso: É cada linha do poema.
Estrofe: É um conjunto de verso.
Rima: É o processo de repetição dos sons no final de dois ou mais versos. Repetição de sons, iguais ou parecidos, em uma ou várias sílabas, nos finais de duas ou mais palavras.

Diferenças entre conto e crônica

Conto: É uma narrativa curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens que existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens, porém não é comum que ocorra com todo mundo. Pode ter um caráter real ou fantástico da mesma forma que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.
Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da ironia[1] e às vezes até do sarcasmo[2]. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas normalmente.









Viajar pela leitura

Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!
                        Clarice Pacheco

Questões
1. Qual é o título do poema?
2. Quem é o autor do poema?
3. Qual é o assunto do poema?
4.Quantos versos tem o poema?
5. Quantas estrofes há no poema?
6.Copie os conjuntos de rimas do poema:
7. Copie do poema 3 substantivos e 3 verbos:
8. Dê um adjetivo a cada substantivo que você localizou no poema:

Leia o poema a seguir com atenção:

O apanhador de desperdícios


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.


Manoel de Barros


As atividades a seguir são em folha separadas para entregar
1. Faça uma ilustração sobre o poema (pegue folha de sulfite com professora)
2. Faça um poema sobre o que você mais gosta de fazer, o tema é livre, deve ter no mínimo 4 versos, no máximo 12 versos, faça ao menos um par de rimas



Felicidade Clandestina
Clarice Lispector
            Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
            Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
            Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
            Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
            Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
            Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
            No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
            Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
            E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
            Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
            Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
            E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser. ”Entendem? Valia mais do que me dar o livro: pelo tempo que eu quisesse ” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
            Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
            Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
            Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
            Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Questões
1. Qual é o título do texto?
2. Quem é o autor do texto?
3. Qual é o assunto do texto?
4. Clandestina é um adjetivo que significa realizado às escondidas, de maneira oculta: práticas clandestinas. Contrária às leis ou à moral; ilícita, ilegal: empresa com atividades clandestinas. Explique: por que a felicidade da personagem da história era clandestina?
5. Qual é a relação entre o texto Felicidade Clandestina e as tirinhas das atividades anteriores? Não se esqueça que deve observar semelhanças e diferenças.
6. Qual é o foco narrativo do texto?
7. Ele está escrito em discurso direto ou indireto?
8. Copie do texto: 3 substantivos, 3 adjetivos e  3 verbos:
9. Conjugue os três verbos que você retirou do texto conforme o modelo:
PRONOME
PASSADO
PRESENTE
FUTURO
1ª Pessoa do Singular
EU
cantEI
cantO
cantAREI
2ª Pessoa do Singular
TU
cantASTE
cantAS
cantARÁS
Usamos como 2ª Pessoa
* VOCÊ
cantOU
cantA
cantARÁ
3ª Pessoa do Singular
ELE/ELA
cantOU
cantA
cantARÁ
1ª Pessoa do Plural
NÓS
cantAMOS
cantAMOS
cantAREMOS
Usamos como 1ª Pessoa
* A GENTE
cantOU
cantA
cantARÁ
2ª Pessoa do Plural
VÓS
cantASTES
cantAIS
cantAREIS
Usamos como 2ª Pessoa
* VOCÊS
cantARAM
cantAM
cantARÃO
3ª pessoa do plural
ELES/ELAS
cantARAM
cantAM
cantARÃO





[1] Ação de dizer o oposto do que se quer expressar: você foi super bem na prova, por isso, não passou nessa matéria.
[2] Zombaria que busca ofender; ironia insultuosa; ação de dizer o oposto do que se quer mordaz e amargamente: ninguém aguentava seu sarcasmo!

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